Mácula

1994

XXII Bienal Internacional de São Paulo

“Devolve o vidro à sua imagem, não posso gastá-lo. Dá o leite às duas mamas, que espirram nos bairros pobres. A lama às calçadas, à pedra a dureza que não entendo. O próprio corpo pode inflar uma flor viva, estrias lisas e rugas planas. Sopro e ouve. Lume e cega. Não ata o teu cadarço mas rasga os trapos, tuas vestes. O que constrói derruba como um a um do teu cabelo, albino e pálido.”

“Abra a flor, acenda a luz poente à luz nenhum, homem-cavalo sem centauro, a estrela cega não te guia, sem destino para ele (este cavalo), o mar é de sargaços e eu colho a flor molhada, a água sobre a água num mar sobre o mar sonoro numa concha, a mulher procria numa concha, o ouvido guarda numa concha, o céu é uma e côncava, digo o meu segredo a uma concha, o nome do teu nome, músculo do teu músculo, lume do meu guia, coração buraco.”